domingo, 6 de dezembro de 2015

Homo Metazoa

Cap I 
     Em uma linda manhã chuvosa Thor acordou, foi até a cozinha e percebeu que algo muito estranho se passou naquela noite, grande foi seu espanto quando observou seu cachorro. Ele estava dormindo em um pequeno pedaço de trapo sujo e que cheirava muito mal, olhou para o pote com ração barata e a água que não era trocada há dias.
     Sentiu-se feliz por não ser mais o cão.
     Marcos fora abrir a porta para seu cão Thor, porém quando tentou alcançar o trinco apenas conseguiu arranhá-lo. Tinha agora patas. Sentiu-se estranho e ao tentar reclamar apenas conseguiu latir baixinho.
     Marcos estava com fome, mas a comida disposta no pote não era apetitosa e seu dono não fazia nada além de o ignorar. Tentou dormir, mas não podia, as pulgas eram impiedosas, fosse antes poderia banhar-se e perfumar-se, vestir seu terno e nunca mais sentir pequenos parasitas andarem por todo o seu corpo.
     Thor sentiu-se maravilhoso, agora poderia comunicar-se e comer tudo o que quisesse, poderia finalmente beber água da privada sem que ninguém o repreendesse e comer carne sem precisar fazer cara de coitado, estava livre de pulgas e poderia dormir onde quisesse, poderia sair, correr e cheirar livremente, a única coisa que o deixava um pouco chateado era não alcançar mais suas partes íntimas.
     Com dificuldade e sem saber controlar as duas pernas direito Thor se vestiu, colocou um calção xadrez com uma blusa listrada e um coturno. Depois foi até a cozinha procurando comida, foi de fato estranho conseguir abrir a geladeira, mas depois de feito, achou um resto de linguiça quase vencida. Imediatamente colocou-a na boca de maneira esfomeada, porém teve de cuspi-la, pois já não tinha o mesmo gosto do que quando ele era cão.
     Mesmo com certo nojo, Marcos correndo tentou comer os restos que o dono deixara cair ao chão, mas mais que depressa foi enxotado com muita força.
     Thor era agora forte e poderia cometer todas as crueldades com as quais já sofrera. Pegou alguns pedaços de papel, que não sabia o que eram nem para que serviam, mas ele achava que eram importantes, já que seu dono sempre saia com vários e já havia brigado por eles. Trancou a porta e saiu desbravar o mundo.
Anna Steps

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