quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Homo Metazoa II

Cap II
     Joana e Carlos, os maiores criadores de vacas leiteras e de corte, acordaram estranhos aquela manhã.
     Joana acordara com puxões muito fortes em suas tetas, estava trancada em um pequeno espaço, sua nova tatuagem JC queimava em seu lombo.
     Carlos acordou com uma seringa que rasgava seu couro e adentrava seus músculos com muita dificuldade, os hormônios agora eram parte de seu corpo. Enquanto era pesado conseguiu ver alguns homens amolando facas, então o senhor de jaleco disse-lhes que o abate poderia ser feito na próxima semana.
     Carlos e Joana infelizmente eram bovinos.
     A vaca e o boi, infelizes, nem nome possuiam, mas de futura carne moída tornaram-se pessoas finas e riquissimas. Divertiram-se muito viajando pelo mundo pregando o veganismo e por fim doaram todo o dinheiro, arrecadado com as crueldades, para ONGS que ajudam animais feridos e sem lar.
  Decidiram que a melhor vingança seria deixá-los livres e inteiros, porém com o eterno medo e a cruel dúvida de quando virariam linguiça, carne moída ou um simples churrasco mal passado.

Cap III
     Sara acordou assustada aquela madrugada. Novamente passara do horário no laboratório, mas quando decidiu ir para a casa percebeu que estava em uma gaiola minúscula. Impiedosamente uma moça de jaleco injetou-lhe uma líquido amarelo, que ao entrar em seu corpo frágil, queimou-lhe todos os pequenos órgãos. Não conseguiu mover-se por horas.
     Ficou pensando durante todo o tempo o motivo de ter que sofrer tanto, já que era uma cientista renomada e já criara diversas drogas.
  Sara era agora uma Rata paralisada a mercê das drogas.
     Antes pequeno recipiente de drogas e agora uma cientista, a rata apenas pensava em fazer cada vez mais drogas para fazer a antiga carrasca sofrer.

Anna Steps

domingo, 6 de dezembro de 2015

Homo Metazoa

Cap I 
     Em uma linda manhã chuvosa Thor acordou, foi até a cozinha e percebeu que algo muito estranho se passou naquela noite, grande foi seu espanto quando observou seu cachorro. Ele estava dormindo em um pequeno pedaço de trapo sujo e que cheirava muito mal, olhou para o pote com ração barata e a água que não era trocada há dias.
     Sentiu-se feliz por não ser mais o cão.
     Marcos fora abrir a porta para seu cão Thor, porém quando tentou alcançar o trinco apenas conseguiu arranhá-lo. Tinha agora patas. Sentiu-se estranho e ao tentar reclamar apenas conseguiu latir baixinho.
     Marcos estava com fome, mas a comida disposta no pote não era apetitosa e seu dono não fazia nada além de o ignorar. Tentou dormir, mas não podia, as pulgas eram impiedosas, fosse antes poderia banhar-se e perfumar-se, vestir seu terno e nunca mais sentir pequenos parasitas andarem por todo o seu corpo.
     Thor sentiu-se maravilhoso, agora poderia comunicar-se e comer tudo o que quisesse, poderia finalmente beber água da privada sem que ninguém o repreendesse e comer carne sem precisar fazer cara de coitado, estava livre de pulgas e poderia dormir onde quisesse, poderia sair, correr e cheirar livremente, a única coisa que o deixava um pouco chateado era não alcançar mais suas partes íntimas.
     Com dificuldade e sem saber controlar as duas pernas direito Thor se vestiu, colocou um calção xadrez com uma blusa listrada e um coturno. Depois foi até a cozinha procurando comida, foi de fato estranho conseguir abrir a geladeira, mas depois de feito, achou um resto de linguiça quase vencida. Imediatamente colocou-a na boca de maneira esfomeada, porém teve de cuspi-la, pois já não tinha o mesmo gosto do que quando ele era cão.
     Mesmo com certo nojo, Marcos correndo tentou comer os restos que o dono deixara cair ao chão, mas mais que depressa foi enxotado com muita força.
     Thor era agora forte e poderia cometer todas as crueldades com as quais já sofrera. Pegou alguns pedaços de papel, que não sabia o que eram nem para que serviam, mas ele achava que eram importantes, já que seu dono sempre saia com vários e já havia brigado por eles. Trancou a porta e saiu desbravar o mundo.
Anna Steps

Mente Vazia

    

     "Mente vazia é oficina do diabo". Foi o que sempre ouvi desde criança, e com isso, dedicava todo meu tempo livre em atividades diversas a fim de não ceder espaço a esse tipo de provocação. Estudei muito e trabalhei muito. Atualmente tenho um emprego de sucesso, todos dizem que me dei bem na vida. 
     Porém, problemas acontecem. O excesso de trabalho, ou a falta de distração, da qual eu não estava acostumado, começam a pesar de modo a prejudicar meu sono. 
     — Acorde! - gritavam meus colegas - Você ainda está no trabalho... 
     Espantado, sem levantar da cadeira, estico as pernas. Quando ao olhar para meus sapatos eu vejo sandálias de salto alto debaixo de minha mesa... 
     — Acorde! - gritava minha esposa - Você ainda está em minha casa! 
     Um pouco confuso, talvez por conta do divórcio, os ânimos se alteram. A casa, os bens, as crianças. Estudo nenhum na vida ensina isso, trabalho nenhum garante experiência. Todos dizem que eu preciso "acordar pra vida". 
     — Acorde! - gritavam meus filhos - Você ainda está em casa! 
     Foi nesse momento de tensão e confusão que decidi sair as pressas para qualquer lugar, eu definitivamente precisava tomar um ar, ao caminhar dou de cara com uma banca, comprei o jornal da cidade, as manchetes ganham o destaque de um colunista local, instigado pelo modo como enalteceram o dito homem fui direto aquela página, poucas palavras, eram elas: 

     "Mente vazia é oficina do diabo". Foi o que sempre ouvi desde criança, e com isso, dedicava todo meu tempo livre em atividades diversas a fim de não ceder espaço a esse tipo de provocação. Estudei muito e trabalhei muito. Atualmente tenho um emprego de sucesso, todos dizem que me dei bem na vida.        
     Porém, problemas acontecem. O excesso de trabalho, ou a falta de distração, da qual eu não estava acostumado, começam a pesar de modo a prejudicar meu sono.       
     — Acorde! - gritavam meus colegas - Você ainda está no trabalho...       
     Espantado, sem levantar da cadeira, estico as pernas. Quando ao olhar para meus sapatos eu vejo um par de salto alto debaixo de minha mesa...     
 — Acorde! - gritava minha esposa - Você ainda está em minha casa!       
Um pouco confuso, talvez por conta do divórcio, os ânimos se alteram. A casa, os bens, as crianças. Estudo nenhum na vida ensina isso, trabalho nenhum garante experiência. Todos dizem que eu preciso "acordar pra vida". 
     — Acorde!...

Patrick K.